A sexualidade do século XXI e o machismo, sexismo, racismo e homofobia
Assunto: homofobia, machismo, psicologia, psicologia clinica, psicoterapia, racismo, sexismo, sexualidade, terapia, terapia de casais, terapia sexual
Data: 23/07/2021

grandes avanços para a sexualidade humana têm sido realizados nos séculos XX e XXI. Pode-se dizer que eles libertaram as mulheres e os homens para uma vida sexual mais plena e satisfatória? Sim e não.

“Sim” porque as conquistas possibilitaram o exercício de uma vida sexual mais autônoma. Se antes do movimento feminista, as mulheres estavam submetidas ao poder irrestrito dos homens, hoje estão bem menos. Se antes do anticoncepcional, corria-se o risco de uma gravidez indesejada, hoje ele pode ser mais controlado. E por aí vai...

“Não” por diversas razões. A maneira pela qual vivenciamos a sexualidade tem relação não somente com nossa história de vida, mas também com a história sexual da humanidade e tudo que herdamos dela. E a notícia não é boa. Historicamente, a vida sexual esteve intimamente ligada à repressão sexual, ao machismo, sexismo, racismo e à homofobia. Sexo sempre foi um assunto tabu e quaisquer práticas diferentes do que era considerado normal eram proibidas e rotuladas como patológicas.

E o que era normal? Relações sexuais heterossexuais, ocorridas dentro do matrimônio, com o objetivo de procriação, garantindo assim uma adequada partilha de patrimônio. Todas as demais práticas eram consideradas anormais: a masturbação, o sexo anal, relacionamentos homossexuais e outros. E ainda hoje carregamos os resquícios da história. Velada ou explicitamente, ainda julgamos muitas destas práticas sexuais como desviantes e anormais e, moralmente condenamos tais comportamentos.

No ano de 2021, recebo em meu consultório de Psicologia pessoas em profundo sofrimento porque ainda vivemos reflexos desta triste história sexual brasileira, pois ainda continuamos machistas, sexistas, racistas e homofóbicos. Mas hoje, a duras penas e por meio de muita luta dos movimentos sociais que nos antecederam, podemos usar a nossa voz para falar em alto e bom tom que não mais aceitaremos uma sexualidade que provoque opressão, mas sim aquela que respeita os direitos sexuais individuais, em nome da saúde mental e sexual de todas(os) nós.

 

Dra. Karen Michel Esber

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