Essa semana, eu chorei.
Chorei por Luana Marcelo, 12 anos, brutalmente assassinada por Reidimar Silva, que a viu sozinha na rua, a convenceu a entrar no carro, a levou para casa e a matou.
Chorei ao testemunhar o desespero do pai e da mãe, quando ainda não sabiam o paradeiro da filha.
Chorei quando a esperança de encontrar a menina viva se acabou, ao ouvir a polícia confirmar sua morte.
Chorei ao ver meus colegas da Rede de Proteção às Crianças e Adolescentes chorarem.
Chorei porque colegas policiais ficaram trinta horas acordados, em investigação, para devolverem a menina viva à sua família, mas acharam seu corpo enterrado no quintal da casa do assassino.
Chorei porque foram constatados vestígios de sêmen no corpo de Luana.
Chorei porque nós adultos não conseguimos conversar com crianças e adolescentes sobre os perigos reais do mundo e as deixamos à própria sorte, vulneráveis e desprotegidas.
Chorei porque me senti impotente e insignificante frente a tamanha brutalidade.
Chorei pela inocência interrompida e pelo silêncio que preencherá o quarto de Luana, agora inundado com as lágrimas do pai, da mãe e dos avós.
Chorei por me deparar com o mal, em sua forma mais vil, perversa e sem sentido.
Chorei porque já entrevistei assassinos de crianças que, ao contrário de tudo que eu já tinha pensado, também choraram, se perguntando: “O que eu fiz com essa menina? O que eu fiz da minha vida?”
Chorei quando algumas pessoas me perguntaram: "Por que você sofreu, se nem conhecia a menina?"
Chorei respondendo que, quando uma criança morre assim, um pedaço de cada um de nós também vai embora.
Dra. Karen Michel Esber